
"E ela acordara leve. Pisou o chão gelado e teve a sensação de sentir-se viva como há tempos não sentia.
Parecia ter despertado de um sono intenso e revigorante, como se tivesse dormido uma e acordado outra.
Deixou no travessero as angústia e medos, as raivas e desesperos, a face séria e o diálogo cansado. Espreguiçou-se para o novo eu, abraçando-o junto com os primeiros raios de sol da manhã.Penteou os cabelos com calma, era assim que deveria ser. Lavou o rosto com águas novas e viu no espelho as alegrias que nunca deveriam ter pensando em sair dali. Perguntou-se porque passara tanto tempo reclamando da vida…não achou resposta.Sentiu prazer novamente em segurar o lápis e rabiscar palavras, nos pequenos gestos, naqueles detalhes. Tinha tudo que precisava e corria atrás do futuro que ela mesma planejara. O que mais desejaria? Os sonhos estavam ali, sendo concretizados pouco a pouco.Prometeu ler mais, sorrir mais, ser mais doce e mais firme, comer melhor, nadar para expulsar os ruins e fazer bem a si. Queria sentir-se viva todos os dias e fazer algo para isso acontecer.
Era assim que as segundas-feiras deviam começar e terminar, pensou a moça baixinho. Dormiu ansiando a terça, não mais o sábado."
"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim" (Caio Fernando Abreu)
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