domingo, 26 de setembro de 2010

idiotas ♥


E sobre o amor? Você já amou? Horrível, não? Você fica tão vulnerável. O peito se abre e o coração também. Desse jeito qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura durante anos, para que nada possa causar mal. Aí, uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outra, entra em sua vida idiota. Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, faz alguma coisa boba como beijar você ou sorrir. E, de repente, sua vida não lhe pertence mais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

20

A bem da verdade, não sou essa mulher fatal que você pensa que eu sou. Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas autodefesa.
Aquelas frases filosóficas, foram só pra te impressionar, pra te passar essa ilusão de intelectual... na verdade eu ainda nem sei se acredito nos valores que me ensinaram, quanto mais em frases feitas e opiniões formadas!
Senta aí, vai! Deixa eu tirar os sapatos, desmanchar o penteado, retirar a maquiagem... quero te mostrar que assim de perto não sou tão bonita quanto pareço, por isso uso todos esses artifícios. É que no fundo tenho um medo terrível de que você me ache feia, de que você encontre em mim uma série de imperfeições.
Sabe, não quero mais usar essa máscara de mulher inatingível, de mulher forte com punhos de aço... No íntimo me sinto uma pequena ave indefesa, leve demais para enfrentar o vento, e, deseja ficar no aconchego do ninho e ser mimada até adormecer.
Olha pra mim, às vezes minha intimidade não tem brilho algum e você terá que me amar muito para suportar essa minha impotência.
Deixa eu tirar o casaco, tirar o cansaço... essa jornada dupla me deixa tão carente... A convicção de independência afetiva? É tudo balela! Eu queria mesmo era dividir a cama, a mesa, o banho... Queria dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões... um pedaço de torta, uma xícara de café, algum segredo...
Ah, eu tenho andado por aí, tenho sido tantas mulheres que não sou! Quantas vezes me inventei e até me convenci da minha identidade. Administrei minha liberdade. Tomei aviões, tomei whisky... troquei a lâmpada, abri sozinha o zíper do vestido... decidi o meu destino com tanta segurança! Mas não previ que na linha da minha vida estivesse demarcada uma paixão inesperada.
Agora, cá estou eu, trinta e poucos anos e toda atrapalhada, tentando um cruzar de pernas diferente, um olhar mais grave, um molhar de lábios sensual... mas não sei direito o que fazer para agradar.
Confesso que isso me cansa um pouco. Queria mesmo era falar de todos os meus medos, "dos seus medos?" você diria, como se eu nunca tivesse temido nada. Queria te falar das minhas marcas de infância, dos animais que tive, do meu primeiro dia de aula... queria falar dessas coisas mais elementares, e te levar na casa da minha mãe, te mostrar meu álbum de retrato (eu, me equilibrando nos primeiros passos), ah, queria te mostrar minha primeira bicicleta, com truques. Ela ainda existe! Queria te mostrar as árvores que eu plantei (como elas cresceram!) e todas essas coisas que são tão importantes pra mim e tão insignificantes aos outros.
Ah, você queria falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha: estou morrendo de medo que você saia desta cena antes de mim, que você saia à francesa desta história, e eu tenha que recolocar minha máscara e me reinventar, outra vez.

"Por que o fogo é assim?
Tão calmo e pacífico por fora, mas tão poderoso e destruidor por dentro.
Ele esconde algo.
Igual às pessoas fazem.
Às vezes, é preciso chegar perto para descobrir o que há dentro. Às vezes, é preciso se queimar para ver a verdade."




Você senta, olha, espera e imagina
você pensa "Talvez seja eu e estou sendo um tolo"

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eu sou capaz de viver o lixo e o luxo da vida (Cazuza)

Eu? Eu quero tanta coisa. Eu quero engolir o mundo. Eu quero ler todos os livros que já escreveram; dançar todas as danças que já fizeram; quero conhecer Tailândia, a Patagônia. Só? Você acha só? Só nada, tá? Eu quero votar para presidente. Quero plantar um filho, escrever uma árvore, ter um livro.(Fazer o impossivel. E dai? Eu quero!) Quero todas as alegrias, tristezas, todas as desgraças que esperam por mim. Quero fazer a diferença, sabe?
[...]
Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora. E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam.


“Porque sempre acredito que não há nada que eu precise além de você”
(Never gonna be alone - Nickelback)

um pouco de fé


E se me perguntarem qual é a solução para os que erram? Pois não há solução. Não há ninguém no mundo que não saiba aquelas frases clichês: “errar é humano”, “quem não arrisca não petisca”. Pois se há a possibilidade de acertar, que haja tentativas. As tentativas nos servem para conhecer, experimentar. E se não der certo? Não é assim, se você quiser, dará certo. Se não conseguir na primeira vez, essa não foi a única chance. Entende? Todos temos o direito ao erro. É uma “desculpa” para continuarmos tentando. Há muitas desculpas ‘idiotas’ no mundo. Por exemplo, você repete o ano na escola por que? Ah, falta de atenção. Você quis comprar qualquer coisa… mas o dinheiro não deu. Você quis ter falado com aquela pessoa… mas não teve coragem. Sabe qual a real justificativa para todos esses erros? A falta de fé. E se você tivesse querido com tudo que pode? O nosso maior erro nesses casos é a acomodação, por que tanta falta de esforço? Mas não é crime, afinal… quem não erra? Se nós apenas acertássemos não teria graça, com o que nos preocuparíamos? Como iríamos descobrir como é ficar uma noite inteira sem dormir? Ou ficarmos pensando em algo, e nos desligarmos do resto do mundo… Errar é uma oportunidade. Aliás, é uma porta para várias chances. Quando erramos aprendemos, não repetimos (ou pelo menos, não deveríamos repetir), e o mais mágico de tudo isso… errar nos traz sentimentos e sensações únicas. O mundo não é feito apenas de uma eterna harmonia, se o desequilíbrio atinge nossa missão é: Errar! Isso mesmo, errar é quase tão bom quanto acertar. Se você não tivesse errado, não choraria com todo o coração, não se arrependeria, talvez não seria capaz de entender outra pessoa, enxergar o próximo com compaixão. Errar é essencial. Então, que venham os erros, estamos pronto.


- Tesouros não são somente ouro e prata, amigo.
- “Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos.Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.”

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"aham, eu amo você."

"Edward: -Se você pudece ter qualquer coisa no mundo, qualque coisa, o que seria?
Bella: - Você.
Edward: - Algo que você ainda não tenha."



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo,tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

foi-se


- Sabe Ana, eu levei dias e mais dias para te entender. Porque você é tão inconstante? Porque uma hora você quer, e daí alguns minutos você já não quer mais?
- É por causa de você mesmo Dan. Conforme você muda, eu mudo. Você é como o vento, e eu como o barco. Culpa sua o mar me leva, e eu como barco que sou, obrigam a me mudar de direção. Na medida em que você muda, eu mudo. A diferença é que você muda por sua própria vontade, mas eu mudo por pura automaticidade. Eu queria que você me entendesse, embora eu não te entenda.
Poucos sabem sobre amor, sobre amar. Entre eu e ele não há nenhum entendimento, não há nenhum dialogo que defina o que ele é e sente. Durante dias eu pensei em dizer coisas para ele, mas o que eu diria? Qual era o problema? Eu só precisava das palavras certas, ou então, apenas uma maneira de me expressar.
- Sente-se. Eu fiz um sinal para ele com as mãos. – O que você sabe sobre mim? Sim, você sabe o básico. Meu nome, minha idade, onde moro, essas coisas bobas, que qualquer um sabe. Mas, você sabe o que mora constantemente em mim? Você sabe o que eu penso todos os dias? Menos? Tá. Você sabe o que eu faço todos os dias? Me diz, o que você sabe que se refira a mim ? Dan, eu queria que você soubesse mais sobre mim, eu queria que você me perguntasse o que eu fiz no meu dia, na minha semana, no meu mês. É puro interesse meu. Mas eu faço seus interesses, e isso não me custa nada.
Reinou um silêncio cálido. Ele estava olhando para algum lugar bem longe da onde estávamos. Como se ele estivesse procurando uma palavra certa para me dizer. Quando eu ia dizer mais, ele me cortou.
- Ana, se eu te disser que eu te amo, e que eu sei disso, e tenho plena certeza?
Eu fixei meus olhos nos pés dele, sem poder olhar para seu rosto, que me passava tanta certeza. Até parece que eu coloquei meu coração em uma caixa minúscula.
- Não. Isso não muda nada, ‘Sr. Vento’. Você quem é inconstante. Uma hora me deseja, n’outra não. O barco não agüenta certas tempestades, o vento o leva para longe, e em vezes, nunca trás de volta.
Ele fechou os olhos, e firmou seus lábios, como se fosse explodir a qualquer momento, e me dizer dezenas de blasfêmia. Ele me deu as costas, nem se quer ousou olhar para trás.

# change


"E ela acordara leve. Pisou o chão gelado e teve a sensação de sentir-se viva como há tempos não sentia.
Parecia ter despertado de um sono intenso e revigorante, como se tivesse dormido uma e acordado outra.
Deixou no travessero as angústia e medos, as raivas e desesperos, a face séria e o diálogo cansado. Espreguiçou-se para o novo eu, abraçando-o junto com os primeiros raios de sol da manhã.Penteou os cabelos com calma, era assim que deveria ser. Lavou o rosto com águas novas e viu no espelho as alegrias que nunca deveriam ter pensando em sair dali. Perguntou-se porque passara tanto tempo reclamando da vida…não achou resposta.Sentiu prazer novamente em segurar o lápis e rabiscar palavras, nos pequenos gestos, naqueles detalhes. Tinha tudo que precisava e corria atrás do futuro que ela mesma planejara. O que mais desejaria? Os sonhos estavam ali, sendo concretizados pouco a pouco.Prometeu ler mais, sorrir mais, ser mais doce e mais firme, comer melhor, nadar para expulsar os ruins e fazer bem a si. Queria sentir-se viva todos os dias e fazer algo para isso acontecer.
Era assim que as segundas-feiras deviam começar e terminar, pensou a moça baixinho. Dormiu ansiando a terça, não mais o sábado."



"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim" (Caio Fernando Abreu)